Este gancho é flexível e pode ser usado como ponto de partida para diferentes estilos de aventura, desde uma sessão de investigação até um arco mais longo, com revelações sobrenaturais ou políticas.
Visão Geral
A Ponte de Marvail ergue-se como um fantasma do passado sobre as águas escuras do rio Tarmel. Construída com blocos de pedra irregular, unidos por uma técnica que ninguém na região consegue replicar, sua superfície é marcada por rachaduras cobertas de musgo, e suas laterais ostentam relevos quase apagados — figuras humanoides, símbolos arcanos e espirais cuja função é perdida na poeira da história.
Nas manhãs, uma névoa densa e persistente cobre o rio, escondendo parte dos arcos da ponte e tornando impossível ver a outra margem com clareza. Mesmo ao meio-dia, a luz do sol parece hesitar antes de tocar aquelas pedras. Em certos pontos, a água corre tão rapidamente que o som ecoa como um rugido distante, enquanto, em outros, o fluxo é lento e lamacento, emitindo um odor quase metálico.
A estrada que leva até a ponte é estreita e sinuosa, ladeada por árvores retorcidas e rochedos cobertos de líquen. No silêncio das madrugadas, viajantes dizem ouvir o bater de passos na pedra… mesmo quando não há ninguém por perto.

Rumores
Na taverna “O Barril Curvo” e no mercado de Valdren, vila mais próxima à ponte, os murmúrios correm soltos. Alguns são sussurrados como advertências, outros como histórias para assustar crianças, mas todos têm algo em comum: nenhum vilarejo quer ver seu nome associado a Marvail.
“O outro lado não é o mesmo lugar.”
Um mercador que sobreviveu — único em décadas — garante que, ao atravessar, encontrou a vila como sempre… mas sem ninguém vivo, e o céu pintado de um vermelho profundo. Ele fugiu e nunca mais retornou.
“Quem atravessa, ouve seu próprio nome chamado.”
Moradores afirmam que a ponte fala com quem pisa nela. A voz pode soar como a de um amigo, um parente falecido… ou até mesmo como a própria consciência.
“As águas escondem mais do que peixes.”
Pescadores dizem ter visto formas humanas logo abaixo da superfície, imóveis, como se olhassem para cima. Quando alguém tenta olhar de perto, elas desaparecem.
“Foi erguida sobre um juramento quebrado.”
Uma lenda antiga afirma que a ponte foi construída como parte de um pacto entre dois reinos. Quando um dos lados traiu o acordo, a maldição se instalou — e todo traidor que a cruza é levado pelas brumas.
“À noite, as luzes dançam na neblina.”
Caçadores juram ter visto pequenas luzes azuis flutuando acima da ponte nas madrugadas, movendo-se como se quisessem guiar viajantes… ou atraí-los para a queda.
“Sir Elgar sabe mais do que fala.”
Alguns dizem que o velho cavaleiro aposentado, que vive perto da estrada, não é apenas guardião da ponte, mas também seu carcereiro — e que ele mantém no grimório trancado um segredo capaz de libertar ou destruir aquilo que vive ali.
Elementos Centrais
Local
A Ponte de Marvail
Uma antiga estrutura de pedra, coberta por musgo e gravuras quase apagadas, cruzando um rio de águas escuras.
Clima: constante neblina, vento frio vindo da água, som distante de correntezas.
História Local: dizem que foi erguida por um império desaparecido, usando técnicas e magias esquecidas.
Detalhe Narrativo: runas apagadas nas laterais podem ser reveladas com magia ou luz intensa.
Acontecimento
Desaparecimentos Misteriosos:
Nos últimos três dias, ninguém que cruzou a ponte retornou. Entre as vítimas, comerciantes, mercenários e até soldados.
Personagem Envolvido
Sir Elgar Dorne
Um cavaleiro aposentado que vive próximo à ponte.
Motivação: encontrar seu filho desaparecido, visto pela última vez atravessando a ponte.
Comportamento Estranho: evita a travessia, carrega um grimório trancado e parece reconhecer descrições das figuras sem rosto — como se fossem pessoas que ele conheceu décadas atrás, todas mortas.
Veja mais sobre Sir Elgar Dorne em: https://bardoeletrico.com.br/npc-sir-elgar-dorne/
Mapa

Diário de Sir Elgar Dorne
Entrada 1 — “O Juramento”
Dia incerto. Ano incerto.
Nunca aprendi as datas que contam aqui, porque o tempo perde o sentido quando o peso é constante.Quando o selo foi entregue a mim, o mago me olhou nos olhos e disse: “Você não guarda um livro, guarda um muro.” Eu ri na hora. Agora não rio mais.
Eu jurei manter o selo fechado. Jurei nunca atravessar.
Hoje, enquanto limpava o musgo da estrada, ouvi meu nome vindo da neblina. A voz… era dela. Minha Liora. Faz 23 anos que a enterrei.
O selo pesou no meu peito como chumbo. Não olhei para trás.
Entrada 2 — “O Filho”
Três dias após o último desaparecimento.
Tentei impedir Kael, mas ele insistiu que a ponte não passava de histórias para assustar crianças. Meu próprio filho não acreditou em mim. A juventude… sempre acha que o mundo é feito apenas de escolhas e consequências claras.
Ele atravessou de manhã. Ao meio-dia, ouvi sua voz no vento. E à noite, vi sua forma entre as brumas — mas o rosto… não era o dele.
No grimório, há um selo que poderia trazê-lo de volta. Mas os custos… os custos…
Não é só o que sai que me preocupa. É o que entra.
Entrada 3 — “O Terceiro Selo”
Sem data.
Usei o primeiro selo na noite do incêndio, quando as criaturas tentaram cruzar. Usei o segundo na colheita, quando as vozes enlouqueceram o vilarejo.
Resta apenas um.
A magia que o prende é antiga, mais velha que o reino que a ergueu. O mago disse que foi construída sobre o sangue de um rei traidor, e que sua alma ainda tenta atravessar para o outro lado. Não sei se é verdade — mas as coisas que vi… não foram feitas para existir.
Quando eu cair, que este diário seja encontrado por alguém capaz de escolher.
Se abrir o selo, que seja por necessidade.
Se destruí-lo, que saiba que condena uns para salvar muitos.O resto… que a ponte decida.
Possíveis Verdades Ocultas
1. Versão Mágica / Épica
A ponte é um portal enfraquecido para outra dimensão, ativado por eventos astrais recentes. Os desaparecidos são sugados para uma versão distorcida do mundo, onde uma criatura antiga tenta reconstruir seu corpo usando fragmentos de memórias roubadas.
Elementos de Uso:
Criatura ou entidade que manipula ilusões.
Enigma envolvendo as runas da ponte.
Confronto final no “reflexo” sombrio do mundo.
2. Versão Política / Conspiratória
O desaparecimento não é sobrenatural — e sim fruto de emboscadas organizadas por uma facção secreta. A ponte é usada como ponto de sequestro, e os prisioneiros são levados por túneis ocultos para servir como escravos, reféns políticos ou alvos de experimentos.
Elementos de Uso:
Combate tático em corredores estreitos e plataformas subterrâneas.
Interrogatórios e intriga com nobres e comerciantes.
Reviravolta: Sir Elgar pode estar ligado ao grupo, agindo como isca.
Como Usar o Gancho
One-shot: foco na travessia da ponte e na resolução rápida do mistério.
Mini-campanha: incluir pistas falsas e viagens pela estrada para buscar respostas.
Campanha longa: transformar a ponte em um ponto-chave de um conflito maior, seja mágico ou político.
Dicas para o Mestre
Use a névoa como ferramenta narrativa: reduza a visibilidade, esconda ameaças e aumente a tensão.
Faça o grimório de Elgar conter segredos que ele próprio teme descobrir.
Introduza pistas ambíguas para manter o mistério — nem tudo que os jogadores ouvirem será verdade.