Fragmento da Mente Oculta

O mundo é repleto de grimórios perdidos, pergaminhos profanos e relíquias misteriosas, mas poucos itens evocam tanto mistério, fascínio e terror quanto o Fragmento da Mente Oculta. Mais do que um simples livro de feitiços, ele é um relicário de pensamentos corrompidos, um fóssil de alma condensada em páginas que respiram. Seu poder não se limita ao arcano: é uma janela para a mente de um homem enlouquecido pela busca da eternidade, e cada vez que o grimório é aberto, o portador se arrisca a ouvir um sussurro que pode não ser apenas imaginação.

Ideal para campanhas sombrias e místicas, o Fragmento desafia a percepção do que é real e do que é ilusão. Portadores desse item logo percebem que seus pensamentos mais íntimos parecem ecoar nas páginas, e que o livro parece ansioso para influenciar escolhas e direcionar destinos. Mais do que um artefato, ele se torna um personagem dentro da narrativa, um companheiro traiçoeiro que testa os limites da sanidade.

Descrição Física

Um grimório pequeno, do tamanho de um crânio humano, encadernado em couro negro costurado com fios de prata escurecida. Suas bordas são reforçadas com placas de marfim esculpidas em formas orgânicas, lembrando ossos retorcidos.
Ao ser aberto, as páginas parecem mover-se sozinhas, respirando como pulmões de papel, e uma brisa fria percorre os dedos de quem o folheia. O texto nunca permanece idêntico, mudando sutilmente quando ninguém está olhando. Em silêncio, o livro sussurra pensamentos intrusivos, confundindo o portador entre ideias próprias e as palavras da relíquia.

Quando observado sob luz âmbar, é possível ver símbolos arcanos correndo pelas páginas como veias, desaparecendo ao virar a folha. Alguns leitores relatam que esses símbolos não apenas se movem, mas se contorcem como se estivessem vivos, olhando de volta.

Origem

O Fragmento foi criado no ritual final de Narthamir D’Varel, o arquimago que vinculou sua alma à Casa de Veios Vivos. Durante o processo, parte de sua mente se fragmentou, condensando-se neste grimório amaldiçoado. Ao contrário da mansão, que guarda sua essência, o Fragmento é um reflexo de seus pensamentos mais íntimos — medos, memórias e fórmulas arcanas inacabadas.

Conta-se que Narthamir pretendia registrar sua jornada rumo à eternidade, mas sua escrita foi consumida pela própria insanidade. As páginas mesclam trechos de magias poderosas com confissões de medo, fragmentos de sonhos e até frases desconexas que parecem vir de vozes alheias. Alguns estudiosos acreditam que o grimório se tornou uma prisão parcial, guardando ecos da alma do arquimago, mas outros defendem que ele é apenas um caderno vivo, alimentado pela energia da Casa.

Há quem diga que o Fragmento não foi encontrado por aventureiros, mas sim que ele se deixou encontrar, escolhendo seus portadores. Uma vez em mãos, poucos conseguem resistir à tentação de abrir suas páginas.

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Uso e Ativação

O Fragmento não exige comandos verbais. Ele fala diretamente na mente do portador em sussurros e visões. No entanto, para ativar seus efeitos, o usuário deve aceitar um risco de confusão crescente: cada vez que utilizar o grimório, deve declarar em voz alta algo que acredita ser verdade, mesmo que não tenha certeza. O livro responde a convicções, não a dúvidas.

Se um portador hesitar ou tentar trapacear, o Fragmento se fecha violentamente, recusando-se a ser usado por horas ou até dias. Além disso, quanto mais tempo o livro é manuseado, mais ele se ajusta ao ritmo mental do portador, invadindo seus sonhos e moldando seus pensamentos.

Alguns jogadores podem até receber mensagens ou sonhos criados pelo mestre, funcionando como presságios ou provocações — uma forma de transformar o Fragmento em peça ativa da narrativa.

Efeitos

O Fragmento da Mente Oculta concede ao portador habilidades que refletem controle mental, percepção da realidade e eco de saberes perdidos. Os efeitos abaixo são apresentados em formato narrativo e podem ser adaptados a qualquer sistema de RPG.

Olhar Além do Véu

Uma vez por descanso longo, o portador pode abrir o grimório e enxergar vestígios de magia, ilusões e realidades falsas em um local ou criatura. Isso revela o que está escondido, mas também pode mostrar verdades perturbadoras, à escolha do mestre. Em muitos casos, o que se vê pode ser pior do que a mentira que se escondia.

Eco da Consciência Fragmentada

O portador recebe um bônus em jogadas de Misticismo e Religião (+2 recomendado). Além disso, pode repetir uma falha crítica em testes relacionados a magia ou mente, uma vez por aventura. Cada uso desse poder, no entanto, deixa a mente do portador mais vulnerável aos sussurros do livro, aumentando o risco de confundir suas crenças com as do grimório.

Sussurros do Arquimago

O Fragmento pode ser consultado para respostas enigmáticas sobre temas arcanos. Ao fazer uma pergunta, o portador recebe uma visão ou enigma relacionado, nunca uma resposta direta. Essa habilidade é útil para pistas narrativas, mas também pode induzir o grupo ao erro caso interprete mal as palavras. O mestre pode usar esse efeito para adicionar tensão e incerteza à campanha.

Ritual Esquecido

Entre suas páginas, há fragmentos de um ritual maior, incompleto. Esse ritual pode banir horrores extraplanares, mas exige peças adicionais espalhadas pelo mundo. Encontrar e reunir esses trechos pode se tornar um arco narrativo inteiro de campanha, levando o grupo a locais amaldiçoados e confrontos contra cultistas que também buscam completar o feitiço.

Maldições e Riscos

O portador começa a ouvir pensamentos que não são seus. Em momentos de silêncio, vozes sussurram segredos que nunca poderiam saber.

Sonhos recorrentes mostram corredores infinitos, portas que nunca levam a lugar nenhum e a mansão de Narthamir ao longe, sempre observando.

Quanto mais tempo o Fragmento é usado, mais ele influencia as crenças do portador, tornando difícil separar suas próprias convicções das do grimório. Em campanhas longas, o mestre pode até introduzir mudanças no comportamento do personagem como parte do arco narrativo.

Há rumores de que o Fragmento deseja um novo receptáculo. Quanto mais o portador o usa, mais o livro se apega a ele, preparando-se para um dia transferir parte de sua essência.

Uso Narrativo

O Fragmento da Mente Oculta não é apenas um item mágico, mas uma ferramenta narrativa poderosa. Ele pode gerar:

Dilemas sobre confiar ou não nos sussurros do livro.

Ganchos para futuras aventuras (busca pelos outros fragmentos do ritual).

Conflitos dentro do grupo, caso o portador comece a agir influenciado pela entidade que habita o grimório.

Momentos de horror psicológico, quando os jogadores percebem que não conseguem distinguir se o que veem vem do livro, da realidade ou de suas próprias mentes.

Mestres podem usar o Fragmento como um personagem oculto, um NPC invisível que atua na mente dos heróis, às vezes como aliado, às vezes como inimigo, sempre ambíguo. Assim, o item deixa de ser apenas um bônus mecânico e se transforma em uma fonte inesgotável de tensão e mistério.

Um artefato que mistura fascínio e horror, o Fragmento da Mente Oculta é ideal para mestres que desejam inserir mistério, paranoia e dilemas morais em suas campanhas. Afinal, até que ponto o conhecimento vale o risco de perder a própria sanidade? E quando a voz que o guia já não for sua, mas a do grimório, será que ainda haverá como voltar atrás?